22 de maio de 2011

ambiguidade


Meu coração bate fraco e descompassado
seria Miocardite, ou apenas tristeza?
Hoje quando acordei não abri os olhos,
fiquei apenas quieto, há um certo conforto na escuridão e no silêncio,
uma paz fictícia, enganadora, sussurrando em meus ouvidos
não luto, paro de me debater, vou com a correnteza...
Talvez isso não seja tão ruim, desde que me leve pra frente.
Fiz muitas escolhas erradas durante minha vida, mas não me arrependo pois foram minhas escolhas...
Minhas?
Buscar entender os mecanismos da vida, assim como os processos que nos levam a determinado caminho, me parece tão inútil quanto inevitável, afinal só há um caminho a seguir, não é? o resto são um amontoado de suposições inúteis.
Quanto tempo se passou, desde a ultima vez em que vi a vida com olhos esperançosos no futuro?
O peso dos dias parece refletir minha alma,
tão cansado, que poderia ter me entregue a mais insólita das promessas,
à assombrosa conveniência da fé, esse ultimo trunfo da ignorância, a resposta final, que tanto conforta o ego vaidoso, “Ecce Homo”.
Assim como a equivoca imagem de pureza e inocência das crianças, é sobreposta a seus instintos básicos e necessários como ciume possessivo e imediatismo, base do egoismo humano, poderia-se acrescentar entre estes a fé, já que todo homem nasce desprovido de conhecimento, e é propelido a acreditar no que lhe é mais confortável.
o conforto e a liberdade de um peão num jogo onde não há um rei a se defender …
viver é quase patético
medo diante da morte e a crença no pós morte, é uma ambiguidade própria da infantilidade humana,
bem como a projeção da divindade num fator externo seja como personificação ou um conceito filosófico, ambos tão comodamente distantes e intangíveis,
mas crescer é doloroso e inevitável, implica perdas e mudanças tanto físicas quanto conceituais,
e o mundo nos oferece tanto o que fazer, tantas distrações inúteis, que me esqueço que os ponteiros do relógio se movem cada dia mais rápido, ou analogamente seria a areia da ampulheta que inevitavelmente cobrirá este corpo?
Crescer fica pra depois...
no momento sou uma criança , insegura, ciumenta, possessiva e imediatista, que tem como único objetivo a satisfação dos sentidos, uma busca incessante, instável e viciante, por algo que comodamente está distante e intangível.